Em post de junho do ano passado, critiquei a proposta de se "regular" a propaganda eleitoral por meio da Internet. Regular demasiadamente, em qualquer ramo do Direito, costuma produzir o efeito inverso de gerar descumprimento da norma. Regras demais, em eleições, parecem produzir ainda um outro efeito perverso: judicializam demais o debate, que deveria ser público, transparente, transferindo para o juiz uma competência que pertence ao povo: o julgamento de quem deve ocupar as magistraturas eletivas do país.
Ontem, o Ministério Público Eleitoral pediu ao TSE a retirada do ar de um blog favorável a José Serra. Hoje noticiou-se que pediram o mesmo para um blog favorável a Dilma. Talvez amanhã requeiram a derrubada de mais algum, de apoio a Marina...
Minha primeira objeção a tal tipo de "regulação" é o cerceamento da liberdade de expressão. Como dito no post do ano passado, o equilíbrio de armas entre os candidatos, na Internet, é estabelecido pelo próprio formato da rede. A Internet é poderosa como meio de comunicação, mas não produz o mesmo bombardeio sobre o telespectador, que involuntariamente assiste aos reclames publicitários no aguardo da continuidade do programa a que assiste. Na Internet, só visita os sites e os lê quem explicitamente quis fazê-lo. Se um eleitor quer ler o absurdo que for, não me parece que possamos permitir que juízes, outros cidadãos como nós, possam ter o poder de impedi-lo. Não se pode tutelar o eleitor, ou supor que ele seja nada mais do que um imbecil, incapaz de escolher o que quer ler. Assim, não há porque regular ou julgar tais manifestações.
Além disso, é inútil! A campanha mal começou e já se pediu para retirar do ar dois blogs. Quantos mais existem, defendendo candidatos, pelo país afora? Que prejuízo causam para a disputa ou para a Democracia?
Está na hora do país parar de ter medo do eleitor, de palavras e de opiniões livremente expressadas. O debate político só terá a ganhar!
A propósito, até o momento, os dois blogs estão no ar. O pró-Serra e o pró-Dilma. E ambos têm um novo post, de hoje, criticando duramente a iniciativa tomada pelo MP Eleitoral. Não se pode negar uma coisa: conseguiu-se colocar os partidários dos dois oponente do mesmo lado!
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