Ainda não esgotei tudo o que gostaria de dizer sobre a urna eletrônica nacional. Ainda retorno ao assunto. Por enquanto, vale replicar a notícia mencionada no título. Pois é, enquanto os brasileiros são levados a crer que o TSE é o campeão mundial da tecnologia eleitoral, a Holanda, segundo a notícia, voltou "a votar a lápis porque os computadores não garantiam a privacidade dos eleitores".
A Holanda, por certo, não é um país sem tecnologia, ou que não conheça a tecnologia, ou que não tenha recursos para financiá-la. O problema com eleições totalmente eletrônicas é conceitual: em um ambiente em que a transparência deva ser total, é impossível fazer uma votação totalmente eletrônica, auditável segundo padrões democráticos (o que é diferente de auditar um sistema privado) e que ao mesmo tempo assegure a privacidade e o sigilo do voto.
Ninguém conseguiu fazer isso! Nem o Brasil. Nas grandes democracias - e a Holanda é um exemplo delas - o maior nível cultural da população lhe permite entender o tamanho da encrenca, a sociedade civil pressiona e é ouvida (que inveja!), o poder político tem mais responsabilidade, enfim, há um quadro bem diferente do deste país tropical, de modo que as eleições 100% eletrônicas não emplacam nesses lugares. E a falta desse contexto todo é o que permitiu que emplacassem por estas bandas...
Se temos urna eletrônica, não é porque somos mais avançados tecnologicamente, mas porque somos mais atrasados social e politicamente!
olha só o tamanho da Holanda e o tamanho do Brasil.Acho muito melhor a urna eletronica é muito mais segura que a lápis. os dados são gravados em disquete e muitas urnas tem apoio a imprimir os votos. até os EUA usam urna eletrônica, lembra das eleições de 1999 em que houve suspeita de fraude? usavam cédulas de papel
ResponderExcluirCaro Anônimo,
ResponderExcluirA dimensão territorial não faz diferença. Ninguém está falando de eficiência, mas de segurança quanto ao resultado representar fielmente a vontade do eleitor, algo que em eleições totalmente eletrônicas é impossível de auditar.
Os holandeses, pelo visto, não pensam que a urna-e é mais segura que o lápis.
Quanto aos EUA, nem o escândalo da Flórida os estimulou a usar a "nossa" urna. A imprensa, na época, divulgou que fomos lá oferer a urna para os americanos (...pausa para risada...), só que não falou mais no assunto, deixando de relatar que eles não gostaram nada dela.
A urna eletrônica no Brasil virou um peculiar objeto de orgulho nacional, algo tão peculiar que até mesmo o Paraguai corretamente rejeitou estas urnas que mais parecem fornos de micro-ondas. E isto que nem chegamos a falar no absurdo uso de biometria nas eleições, outra coisa que só existe no Brasil.
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