Em eleições passadas, o TSE utilizou espaço em mídia não para conscientizar o eleitor sobre a importância de seu voto, mas sim para fazer verdadeira apologia à urna eletrônica, que passou a ser a grande estrela das nossas eleições, mais festejada às vezes do que a própria democracia.
Manifestações contrárias à urna eletrônica são repudiadas, com a mesma ênfase que se dava a qualquer crítica que se fizesse ao país, na época do ame-o ou deixe-o.
Poucos foram os que ousaram questionar a urna eletrônica. Isso seria equiparado a um brasileiro torcer pela Argentina em um jogo contra a nossa seleção. Deveria ser motivo de orgulho o Brasil ter superado países muito mais desenvolvidos tecnologicamente e que até hoje não conseguiram informatizar suas eleições.
Mas é exatamente isso o que precisa ser questionado: por que só o Brasil conseguiu desenvolver um sistema que permite o voto eletrônico, quando EUA, Japão, Alemanha, etc., ainda utilizam o papel para manifestação do voto? Afinal, um sistema que simplesmente soma votos não é tão difícil assim de escrever.
A resposta é simples: não desenvolveram porque não quiseram, porque cidadãos conscientes querem ter certeza de que seu voto foi computado para o candidato correto.
Um mais um são dois: mas um sistema que calculasse essa equação poderia concluir que são três. Basta o programador, propositalmente ou não, escrever o sistema com essa falha.
Nada assegura ao eleitor que, ao clicar no botão de confirmação, terá o seu voto computado corretamente ao seu candidato. Nada, a não ser a palavra dos ministros do TSE, que ao longo dos anos vêm afirmando a lisura da urna eletrônica. Só que é da essência da democracia a possibilidade do cidadão conferir a veracidade de uma informação, sem que isso possa ser compreendido como questionamento à integridade de quem quer que seja. Até porque os sistemas da urna eletrônica não foram escritos pelos Ministros do TSE, mas por técnicos em informática, e estes, tal qual os próprios Ministros, estão sujeitos a equívocos.
A recente notícia divulgada pela imprensa, de uma decisão do Tribunal Constitucional Alemão, declarando que o uso de urna eletrônica em eleições ocorridas em 2005 fere o direito a uma eleição pública, e que um "evento público" como uma eleição implica que qualquer cidadão possa dispor de meios para averiguar a contagem de votos, bem como a regularidade do decorrer do pleito, sem possuir, para isso, conhecimentos especiais, deve servir para que todos possam refletir sobre a questão.
Prezado Marcos da Costa,
ResponderExcluirExcelente o artigo escrito por você. Sua opinião reflete o perfil do site Fraude Urnas Eletrônicas.
Temos interesse em divulgar este artigo em nosso site. Se for de seu interesse, gostaríamos de receber autorização para publicá-lo, na íntegra, associando os devidos créditos de autoria à sua pessoa e identificando o Direito em Bits como referência no tema.
Aguardamos retorno.
Parabéns ao Marcos da Costa e ao Augusto Marcacini pela criação deste blog para abordar ralação entre informática e os direitos dos cidadãos.
ResponderExcluirMais um parabéns por incluir o tema urna eletrônica entre os itens do debate.
Nesta linha, sugiro adentrar no tema urnas biométricas que o TSE está em plena implantação sem que a sociedade, via legislativo, tenha lhe autorizado.
Perguntas a serem respondidas:
É justo o TSE exigir a identificação biométrica do eleitor, na mesma máquina em que ele vai votar?
O projeto inicial previa o cadastramento coletando apenas as impressões digitais dos indicadores e polegares. Por que agora, no cadastramento que está sendo feito de 4 milhões de eleitores, estão coletando a impressão digital de TODOS os dedos?
Por que no edital do fornecimento dos novos equipamentos está prevista a homologação do fornecedor pelo FBI americano?
Parabéns aos idealizadores desta página.
ResponderExcluirA urna eletrônica, sem imprimir o voto para posterior conferência, é uma caixa preta, manipulável. Só uma decisão judicial, embasada em argumentos técnicos, pode reverter este atentado à democracia.
Por um sistema de voto oculto, fica fácil elerger partícipes da corrupção.
Weber Figueiredo
Olá!
ResponderExcluirQuero aproveitar para manifestar uma pergunta dentro do Direito relativo a questão das urnas eletrônicas baseadas no voto virtual cego.
Partindo da premissa que tais urnas são uma ameaça a cidadania.
Sem querer ensinar a missa ao padre, em resumo, cidadania é o pleno exercício dos direitos políticos, votar e se votado.
Se o sistema de votação não oferece ao eleitor garantia nenhuma de que seu voto vai para quem ele escolheu
e
Se o mesmo sistema não oferece ao candidato garantia nenhuma de que, pelo menos, ele pode ter o seu próprio voto computado a seu favor, já que existem casos de candidatos com zero votos e ninguém em sã consciência deixaria de votar em si mesmo,
Isso por si só, por ser uma ameaça ao principio fundamental e constitucional da cidadania, não configura o nosso sistema eletrônico de apuração de votos como inconstitucional?
Não cabe uma ação de inconstitucionalidade contra a lei que permitiu a existência de tal sistema?
Cadê o Ministério Público?
No intento,
F.A.