Uma manchete da Folha Online de sentido dúbio foi publicada no início desta semana. Dizia a chamada que "Emirados Árabes devem bloquear serviços de BlackBerry por razões de segurança". Um dos possíveis sentidos do texto pode ter deixado preocupados os usuários do charmoso smartphone. "Então meu celular não é seguro?", podem ter duvidado por uns instantes, até que lessem a matéria na íntegra.
Na verdade, a falta de segurança apontada na matéria decorre de sua aparentemente elevada segurança! Do ponto de vista das autoridades locais, impotentes para "grampear" as conexões criptografadas do Blackberry, o disposivo é um problema de segurança.
Não pretendo retomar aqui a questão, que já abordei noutros textos, sobre a inutilidade de se tentar proibir o uso de criptografia a pretexto de combater o crime ou o terrorismo. Há dúzias de textos outros falando sobre isso, tema a que Schneier retorna mais uma vez nesta semana, em seu blog, lembrando que há muitas outras maneiras pelas quais pessoas que moram ou transitem pelos Emirados Árabes podem criptografar sua comunicação.
O motivo deste post, diante do gancho deixado pela citada manchete, é falar dessa às vezes mal compreendida noção de "segurança". É comum perguntar-se se algo "é seguro", esperando uma resposta binária: sim ou não. Segurança assim, em termos absolutos, não existe. Segurança é um dado relativo: pode-se ter segurança contra algo, ou contra alguém.
E como um outro dado relativo, que a citada notícia bem ilustra, a segurança é para quem?
Recebi há poucos meses um novo cartão de crédito "com chip", como dizem, que só efetua o pagamento se colocarmos nossa senha naquelas conhecidas maquininhas. Dizem que é mais seguro... sim... mas... para quem?
Não me sinto nem um pouco seguro em digitar essa senha na frente de uma verdadeira platéia, quando me vejo fazendo isso no caixa de uma grande loja, supermercado ou em um restaurante movimentado. E é impossível evitar. Para mim, assinar a notinha parecia ser certamente mais seguro...
É seguro para quem?
Nenhum comentário:
Postar um comentário